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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ativistas pedem liberdade de índios tenharim suspeitos de mortes no AM



Apenas 1 índio fez parte do grupo que protestou em frente ao TJ de Rondônia.
Pedidos são de não criminalização e liberdade aos líderes do povo tenharim.

Suzi Rocha Do G1 R.



Após 12 horas acampando em frente ao prédio do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), em Porto Velho, um grupo de 30 manifestantes deixou o local na manhã desta segunda-feira (23), após protocolar um documento que pede pela liberdade dos cinco índios tenharim, presos como suspeitos de assassinarem Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro.

 As vítimas tiveram seus corpos encontrados no dia 3 de fevereiro deste ano, em uma cova rasa dentro da Reserva Tenharim, no Sul do Amazonas, após desaparecerem, no dia 16 de dezembro de 2013, enquanto viajavam pela BR-319.


Os indígenas suspeitos do crime estão presos preventivamente desde o dia 30 de janeiro. Eles passaram pelo Centro de Ressocialização Vale do Guaporé e atualmente encontram-se a disposição da Justiça na Penitenciária de Médio Porte - Pandinha. As prisões dos índios aconteceram durante uma operação que teve participação de 400 homens da Polícia Federal, Exército, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).


Os manifestantes alegam que o povo tenharim sofre com a ausência de seus líderes presos, porque dois deles são filhos do cacique Ivan, sendo que um deles deveria assumir o lugar do pai, encontrado morto no dia 2 de dezembro de 2013. O outro índio é cacique da Aldeia Taboca, também na reserva Tenharim, Domisceno Tenharim.



O único índio que integrou o manifesto foi José Humberto Tenharim, de 25 anos. Ele falou da indignação pela prisão do cacique. “Ele é nosso líder maior, nossos rituais estão comprometidos, o ‘Mbotawa’, que é a festa dos espíritos deveria acontecer em julho, mas já não sabemos mais.

 Todo o povo Tenharim está sofrendo com isso, interfere no nosso modo tradicional de viver”, lamenta o indígena.

José Humberto Tenharim, de 25 anos
(Foto: Suzi Rocha/G1)


Os demais manifestantes são ativistas sociais de organizações não governamentais como o Instituto Madeira Vivo; Instituto Índia Amazônia; Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB); Rede de  

 Educação Cidadã; Conselho Indigenista Missionário; Coletivo Jovem pela Sustentabilidade; Via Campesina; estudantes de sociologia e biologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e da doutoranda em história social pela Universidade de São Paulo (USP), Márcia Mura.

“Não há provas que confirmem a culpa dos índios e o habeas corpus é um direito constitucional. Um deles tem sérios problemas de saúde, por conta de um acidente vascular cerebral sofrido pouco tempo antes da prisão. A justiça pediu comprovação via laudo médico, mas não há como comprovar porque a Casa de Saúde Indígena, em Humaitá, foi incendiada”, disse o manifestante Iremar Ferreira, de 44 anos, membro do Instituto Madeira Vivo, uma Organização Não Por meio de sua assessoria, o TJ-RO informou que o documento protocolado pelos manifestantes contém apenas um teor explicativo sobre o protesto que foi pacífico e monitorado pelo órgão durante a madrugada desta segunda.

 “O documento não esclarece um pedido exato de soltura dos índios”, disse a assessoria. Ainda de acordo com o TJ-RO, o homicídio aconteceu em um município do Amazonas onde não há um presídio com capacidade de abrigar os índios, e que por isso eles permanecem em Porto Velho. “A Justiça do Amazonas chegou a pedir a transferência dos indígenas, mas o pedido foi negado pelo desembargador Valter Oliveira. O julgamento na esfera federal não tem data definida para acontecer”, diz o TJ-RO.

No dia 25 de dezembro de 2013, moradores dos municípios de Apuí e Humaitá, no Sul do Amazonas – região de conflito permanente entre os moradores e indígenas da reserva Tenharim – realizaram alguns manifestos para cobrar agilidade da PF-RO nas buscas pelos três homens, até então, desaparecidos. Populares atearam fogo em carros, barcos, além das sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e antigas instalações da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Humaitá (AM). No dia seguinte, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Amazonas seguiram para o município.

fonte: G1.COM/AM.



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