Apuí (AM) - O homem que estava
perdido na selva e que já era tido como morto consegue votar para casa. As
circunstância do acontecimento, a preocupação das autoridades com o caso, a
capacidade de sobrevivência do ser humano e a riqueza de alimentos existentes
na Floresta Amazônica chamam a nossa atenção de uma forma incomum.
Foram 37 dias pedidos na selva depois que a canoa naufragou em uma
correnteza. Sem calçado, sem ferramentas e sem comida, a dupla caminhou durante
nove dias. Por causa dos espinhos no pé, Roque Veiga não conseguiu mais
caminhar e o colega saiu com a missão de encontrar o caminho e voltar para
prestar socorro. Três dias parado foram suficiente para que ele recuperasse e
continuasse a viagem sozinho.
Se alimentava de tucumã, buriti, castanha de sapucaia e uxi. Desde que
começou a caminhar, ele tinha certeza que não seria mais encontrado. Mas
segundo ele, em nenhum momento entrou em desespero. Sempre caminhava orientado
pelo sol. "De manhã eu caminhava com o sol aqui, a tarde aqui."
Conta, apontando para os lados esquerdo e direito dos ombros.
Ele conta que no Trigésimo sexto dia de caminhada chegou em uma
pastagem, de onde conseguia ouvir o barulho dos carros, mas não conseguia
caminhar até lá. "Eu tava muito fraco, tava quase desmaiando de
cansaço," Afirma. Então ele forrou umas palhas no chão e dormiu. No dia
seguinte consegui caminhas os 800 metros que faltavam para chegar até à estrada
e foi socorrido.
A separação
Roque confirma a versão a do colega de que os dois haviam combinado que
ele ficaria esperando socorro. "Ele veio, disse que ia levar uma comida
pra mim. Eu não tava agüentando andar, e gente pra ir lá me pegar na rede. Mas
eu tava distante, pensei que ele não ia me achar nunca. Aí eu tentei sair
varando."
As buscas
Antônio Pimentel (Parazinho) conseguiu sair da mata depois de 19 dias
caminhando sozinho e foi com uma equipe até o local para tentar resgatar o
amigo, mas sem sucesso encerrou as buscas depois de 8 (oito) dias na mata.
A comunidade tentou ajuda do Exército Brasileiro, mas o socorro não
veio. Roquinho não ficou magoado com o encerramento das buscas. Ele acredita
que jamais seria encontrado, devido a grande extensão da floresta.
O ouro
Durante a peregrinação na selva, apesar da fome e do cansaço, ele diz
que encontrou várias grotas onde supostamente encontraria ouro. Mas ele não
parece muito empolgado em retornar a esses lugares. Nem mesmo o ouro que eles
procuravam antes da canoa afundar desperta tanta ambição. "Só volto lá com
duas canoas e dois motores."
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