Atuação de grupos armados que cobram entre R$3 e R$5
ao dia pode ser paralisada por conta de transferência de delegado
NÁFERSON CRUZ
Uma investigação que vem sendo desenvolvida há três
meses revelou que a polícia pode estar diante de um grupo de vigilância
clandestina que vem atuando no Centro de Manaus e nas dependências do Terminal
1, na avenida Constantino Nery, Zona Sul.
O grupo, que seria formado por homens armados -
supostos milicianos - impõe lei própria e cobra uma espécie de “taxa” para
permitir que camelôs
comercializem produtos piratas. Além do serviço de segurança prestado de forma
ilegal aos camelôs, a atividade se estende aos banqueiros do “jogo do bicho”
que atuam no Centro.
As denúncias apuradas pela reportagem de A CRÍTICA são
de conhecimento da polícia que nos últimos meses passou a atuar de forma
intensa, o que resultou na apreensão de mais de 25 toneladas de produtos
falsificados, incluindo medicamentos fitoterápicos, CDs e DVDs, além de 30
máquinas caça-níqueis. Entretanto, as investidas policiais e todo processo
investigativo de combate ao comercio ilícito no Centro foi colocado em xeque na
tarde da última quinta-feira. Um comunicado que chegou ao gabinete do delegado
titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Geraldo Magella, que estava
conduzindo as investigações, oficializou a sua transferência para uma outra
unidade policial, que ainda não foi informada.
De acordo com informações daquele distrito policial
(24º DIP), a transferência do delegado seria uma retaliação às ações que ele
vinha comandando. A última foi uma apreensão de 35 mil CDs e DVDs piratas na
região da Praça Tenreiro Aranha, no Centro. Geraldo Magella não soube informar
se as operações programadas para os próximos dias, que visam o combate às
atividades ilegais, terão prosseguimento. “Não sei porque houve essa
interrupção. Estávamos com o trabalho em curso e próximo de realizarmos um
grande feito”, declarou o delegado.
Entre as investigações em curso está a ação que
visa desmantelar a quadrilha que atua na produção ilegal de CDs e DVDs,
processo feito por uma “pirâmide”, uma espécie de máquina que faz a produção em
escala das mídias audiovisuais.
De acordo com o delegado Geraldo Magella o
documento encaminhando a transferência informa que ele ficará como delegado
titular do 24º DIP até hoje.
‘Máfias’ estão sendo investigadas
No último mês, A CRÍTICA publicou em duas edições
as ameaças de morte feitas pelas máfias que atuam no Centro ao
secretário-extraordinário de Requalificação do Centro de Manaus, Rafael Lemos
Assayag, responsável pela retirada dos camelôs e reestruturação da área
central, cujas organizações são contra a mudança e querem impedi-la. Conforme
as denúncias feitas à PF, as máfias chinesa, coreana e peruana exploram o
comércio ilegal de bancas de camelôs na região.
As organizações também fazem,
conforme Artur, agiotagem e cobram 15% de juros por dia dos comerciantes
informais.
O superintendente da Polícia Federal, delegado
Sérgio Fontes, chegou a dizer que a presença de estrangeiros coreanos,
chineses, peruanos e até haitianos, no comércio informal no Centro, é uma
realidade, mas que ainda não seria possível afirmar a existência de máfias.
“Ainda não há indícios, apenas suspeitas e que nós estamos investigando”, disse
Fontes, na época.
De acordo com o delegado Geraldo Magella, conforme
diálogos que ele teve com representantes da Prefeitura, as bancas de camelôs
serão retiradas das calçadas do Centro até o final do ano.
fonte: a critica.com
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