Inteligência da SSP investiga série de ameaças à repórter do programa Alô Amazonas, da TV A Crítica, Fabíola Gadelha
A jornalista Fabíola Gadelha teve que mudar a rotina e agora
anda escoltada por seguranças armados por conta das ameaças de morte feitas
contra ela
Repórter do programa Alô Amazonas, da TV A
Crítica, a jornalista Fabíola Gadelha, uma das mais polêmicas da televisão
amazonense, está sendo ameaçada de morte.
As ameaças já foram levadas ao
conhecimento da Secretaria de Segurança Pública e estão sendo investigadas pela
Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai).
As primeiras ameaças chegaram à profissional por
meio de um ex-presidiário que procurou um colega de trabalho de Fabíola e disse
que a morte dela estava sendo planejada dentro da cadeia. Dez dias depois, mais
um “alerta”, desta vez após uma abordagem ao carro de reportagem da TV A
Crítica, em uma das ruas do conjunto Boas Novas, na Zona Norte, onde estava o
também repórter da TV A Crítica, jornalista Márcio Azevedo.
Fabíola relatou não saber de onde estão vindo as
ameaças, mas segundo ela, diante dos criminosos sobre os quais já fez
reportagens e que, certamente, não gostaram de ter visto suas imagens na
televisão, é melhor tomar cuidado. “O nosso trabalho é levar a informação à
sociedade de forma real, e muitas vezes vai contra o interesse de algumas
pessoas”.
No dia 7 de maio, um ex-presidiário pediu para
falar com o jornalista Paulo França e disse que tinha acabado de sair da cadeia
onde, segundo ele, havia uma ordem para “derrubar” (matar) Fabíola. O motivo
seriam as reportagens que ela têm feito e que são veiculadas no programa Alô
Amazonas.
Dez dias depois, o jornalista Márcio Azevedo
fazia uma reportagem sobre pavimentação de ruas no conjunto Boas Novas e o carro
da reportagem foi abordado por um motociclista que carregava uma mochila nas
costas e usava capacete. Ele emparelhou a motocicleta com o carro e bateu no
vidro do passageiro. Quando o vidro foi abaixado e o motoqueiro viu que não era
Fabíola que estava no veículo, demonstrou desapontamento, relatou Márcio
Azevedo.
“Ele disse: Ah, não é a Fabíola? Avisa pra ela
que tem ordens de dentro do presídio para ‘salgar’ ela e que metade da cadeia
não gosta dela. Ela tem que aprender a respeitar bandido e não adianta andar de
colete porque os meninos estão andando de ‘macaquinha’ (metralhadora) e ponto 40
(pistola). Aqui fora é assim: a gente tem que andar ‘maquinado’ (armado)”,
contou Márcio, ao lembrar que o suspeito mostrava uma arma de fogo na
cintura.
Márcio Azevedo, que também já sofreu ameaças por
conta das reportagens que faz, disse que ficou assustado porque o motoqueiro
demonstrou que não estava blefando, porém, não se intimidou. “A preocupação é
porque querendo ou não a gente acaba se tornando alvo de criminosos, que não
entendem que esse é o nosso trabalho, embora eu procure ter muita cautela”,
disse o jornalista.
Matérias viram peça de
inquéritos
Muitas matérias que foram feitas pela jornalista da TV A Crítica Fabíola Gadelha são requisitadas por delegados de Polícia Civil para investigações e utilizadas como peças de inquérito que vão para a Justiça e, depois, servem de provas no momento do julgamento do réu, e podem colaborar para a absolvição ou condenação.
“Quando estou fazendo uma matéria, a minha
intenção é dar voz para aqueles que não têm, ajudar, fazer justiça. Às vezes sou
insistente de forma a levar o preso a refletir e até a se arrepender do crime
que cometeu”, diz a jornalista.
Segundo o secretário da Seai, Thomaz de
Vasconcelos Dias, não há dúvidas de que, por trás dessas denúncias estão pessoas
ligadas a crimes como traficantes, assaltantes, estupradores e homicidas que são
suspeitos ou acusados de mortes bárbaras e que, insatisfeitos com as denúncias
feitas pela jornalista, decidem que o melhor é assassiná-la.
A polícia também não descarta a possibilidade das
denúncias estarem partindo de membros de facções criminosas do tráfico de drogas
que foram presos e tiveram as prisões e imagens mostradas nas reportagens feitas
por Fabíola.
Seguranças armados e nova
rotina
Por conta das ameaças que vem sendo feitas ultimamente à jornalista Fabíola Gadelha, a direção da Rede Calderaro de Comunicação (RCC) adotou medidas de segurança para garantir a integridade física da repórter do programa Alô Amazonas.
Há mais de uma semana a jornalista mudou o
horário de trabalho, passou a andar em carro descaracterizado e está sob
proteção de seguranças armados, até que os autores das ameaças sejam
identificados e presos pela Secretaria de Segurança Pública.
Fabíola já trabalha há dez anos fazendo
reportagens policiais para a televisão. Ela disse que, por conta do perfil do
trabalho dela, por muitas vezes já foi ameaçada de morte. Mas, desta vez, é
diferente, conta Fabíola, que ficou impressionada com a ousadia e a forma que as
ameaças estão chegando até ela, que diz não ter dúvidas de “incomodar muitos
criminosos”.
A jornalista disse que, apesar dos cuidados que
está tomando, as ameaças não a intimidam e que ela vai continuar fazendo o
trabalho que sempre fez. “Eu acredito que Deus não me criou para morrer na mira
de um pistoleiro”, disse Fabíola.
Três perguntas para Thomaz de Vasconcelos –
Secretário de Inteligência
1. Quais os riscos que Fabíola Gadelha corre?
1. Quais os riscos que Fabíola Gadelha corre?
As ameaças aconteceram, mas ainda temos muito
poucas informações sobre elas ou quem as fez. Mas estamos investigando, para
saber até onde os autores das ameaças estão dispostos a ir para cumprí-las.
2. Quem teria interesse em assassinar uma
jornalista como a Fabíola?
Sem dúvida essas ameaças estariam partindo de
pessoas que tiveram seus interesses ou pretenções prejudicadas pelas reportagens
que ela faz e que são veiculadas na TV. Mas ainda temos poucas informações para
apontar quem seriam esses suspeitos.
3. Quais as linhas de investigação que
estão sendo seguidas?
Estamos atentos a todas as situações. Por
enquanto é bom que ela tome alguns cuidados, porque a forma como as ameaças
chegaram demonstra muito bem a ousadia dos criminosos que estão por trás delas.
Até porque, na situação da abordagem do carro, se ela estivesse lá,
provavelmente teriam tentado matá-la.
fonte: a crítica.com
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