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sexta-feira, 31 de maio de 2013

SSP investiga ameaças de morte a jornalista em Manaus

Inteligência da SSP investiga série de ameaças à repórter do programa Alô Amazonas, da TV A Crítica, Fabíola Gadelha


A jornalista Fabíola Gadelha teve que mudar a rotina e agora anda escoltada por seguranças armados por conta das ameaças de morte feitas contra ela (Luiz Vasconcelos)

Repórter do programa Alô Amazonas, da TV A Crítica, a jornalista Fabíola Gadelha, uma das mais polêmicas da televisão amazonense, está sendo ameaçada de morte.
As ameaças já foram levadas ao conhecimento da Secretaria de Segurança Pública e estão sendo investigadas pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai).

As primeiras ameaças chegaram à profissional por meio de um ex-presidiário que procurou um colega de trabalho de Fabíola e disse que a morte dela estava sendo planejada dentro da cadeia. Dez dias depois, mais um “alerta”, desta vez após uma abordagem ao carro de reportagem da TV A Crítica, em uma das ruas do conjunto Boas Novas, na Zona Norte, onde estava o também repórter da TV A Crítica, jornalista Márcio Azevedo.

Fabíola relatou não saber de onde estão vindo as ameaças, mas segundo ela, diante dos criminosos sobre os quais já fez reportagens e que, certamente, não gostaram de ter visto suas imagens na televisão, é melhor tomar cuidado. “O nosso trabalho é levar a informação à sociedade de forma real, e muitas vezes vai contra o interesse de algumas pessoas”.

No dia 7 de maio, um ex-presidiário pediu para falar com o jornalista Paulo França e disse que tinha acabado de sair da cadeia onde, segundo ele, havia uma ordem para “derrubar” (matar) Fabíola. O motivo seriam as reportagens que ela têm feito e que são veiculadas no programa Alô Amazonas.

Dez dias depois, o jornalista Márcio Azevedo fazia uma reportagem sobre pavimentação de ruas no conjunto Boas Novas e o carro da reportagem foi abordado por um motociclista que carregava uma mochila nas costas e usava capacete. Ele emparelhou a motocicleta com o carro e bateu no vidro do passageiro. Quando o vidro foi abaixado e o motoqueiro viu que não era Fabíola que estava no veículo, demonstrou desapontamento, relatou Márcio Azevedo.

“Ele disse: Ah, não é a Fabíola? Avisa pra ela que tem ordens de dentro do presídio para ‘salgar’ ela e que metade da cadeia não gosta dela. Ela tem que aprender a respeitar bandido e não adianta andar de colete porque os meninos estão andando de ‘macaquinha’ (metralhadora) e ponto 40 (pistola). Aqui fora é assim: a gente tem que andar ‘maquinado’ (armado)”, contou Márcio, ao lembrar que o suspeito mostrava uma arma de fogo na cintura.

Márcio Azevedo, que também já sofreu ameaças por conta das reportagens que faz, disse que ficou assustado porque o motoqueiro demonstrou que não estava blefando, porém, não se intimidou. “A preocupação é porque querendo ou não a gente acaba se tornando alvo de criminosos, que não entendem que esse é o nosso trabalho, embora eu procure ter muita cautela”, disse o jornalista.

Matérias viram peça de inquéritos
 
Muitas matérias que foram feitas pela jornalista da TV A Crítica Fabíola Gadelha são requisitadas por delegados de Polícia Civil para investigações e utilizadas como peças de inquérito que vão para a Justiça e, depois, servem de provas no momento do julgamento do réu, e podem colaborar para a absolvição ou condenação.

“Quando estou fazendo uma matéria, a minha intenção é dar voz para aqueles que não têm, ajudar, fazer justiça. Às vezes sou insistente de forma a levar o preso a refletir e até a se arrepender do crime que cometeu”, diz a jornalista.
Segundo o secretário da Seai, Thomaz de Vasconcelos Dias, não há dúvidas de que, por trás dessas denúncias estão pessoas ligadas a crimes como traficantes, assaltantes, estupradores e homicidas que são suspeitos ou acusados de mortes bárbaras e que, insatisfeitos com as denúncias feitas pela jornalista, decidem que o melhor é assassiná-la.

A polícia também não descarta a possibilidade das denúncias estarem partindo de membros de facções criminosas do tráfico de drogas que foram presos e tiveram as prisões e imagens mostradas nas reportagens feitas por Fabíola.

Seguranças armados e nova rotina
 
Por conta das ameaças que vem sendo feitas ultimamente à jornalista Fabíola Gadelha, a direção da Rede Calderaro de Comunicação (RCC) adotou medidas de segurança para garantir a integridade física da repórter do programa Alô Amazonas.

Há mais de uma semana a jornalista mudou o horário de trabalho, passou a andar em carro descaracterizado e está sob proteção de seguranças armados, até que os autores das ameaças sejam identificados e presos pela Secretaria de Segurança Pública.

Fabíola já trabalha há dez anos fazendo reportagens policiais para a televisão. Ela disse que, por conta do perfil do trabalho dela, por muitas vezes já foi ameaçada de morte. Mas, desta vez, é diferente, conta Fabíola, que ficou impressionada com a ousadia e a forma que as ameaças estão chegando até ela, que diz não ter dúvidas de “incomodar muitos criminosos”.

A jornalista disse que, apesar dos cuidados que está tomando, as ameaças não a intimidam e que ela vai continuar fazendo o trabalho que sempre fez. “Eu acredito que Deus não me criou para morrer na mira de um pistoleiro”, disse Fabíola.

Três perguntas para Thomaz de Vasconcelos – Secretário de Inteligência

1. Quais os riscos que Fabíola Gadelha corre?

As ameaças aconteceram, mas ainda temos muito poucas informações sobre elas ou quem as fez. Mas estamos investigando, para saber até onde os autores das ameaças estão dispostos a ir para cumprí-las.

2. Quem teria interesse em assassinar uma jornalista como a Fabíola?

Sem dúvida essas ameaças estariam partindo de pessoas que tiveram seus interesses ou pretenções prejudicadas pelas reportagens que ela faz e que são veiculadas na TV. Mas ainda temos poucas informações para apontar quem seriam esses suspeitos.

3. Quais as linhas de investigação que estão sendo seguidas?

Estamos atentos a todas as situações. Por enquanto é bom que ela tome alguns cuidados, porque a forma como as ameaças chegaram demonstra muito bem a ousadia dos criminosos que estão por trás delas. Até porque, na situação da abordagem do carro, se ela estivesse lá, provavelmente teriam tentado matá-la.



fonte: a crítica.com

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