Dois
filhos do cacique Ivan Tenharim, morto em dezembro, estão detidos.
Sumiço gera conflitos na região; PF não divulgou informações sobre vítimas.
Marina Souza Do G1 AM, com informações da TV Rondônia
A Polícia Federal
(PF) prendeu, nesta quinta-feira (30), cinco indígenas da etnia Tenharim
suspeitos de envolvimento no desaparecimento de três homens no km 180, da
BR-230 (Transamazônica), no Sul do Amazonas. A operação contou com apoio de 400
homens da PF, Exército, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para
efetuar a prisão dos indígenas, a Transamazônica ficou fechada por mais de 12h.
De acordo com a PF, os cinco presos são das aldeias Marmelo, Taboca e Campinho.
Entre os presos, segundo a PF, estão um cacique da aldeia Taboca e dois filhos
do cacique Ivan Tenharim, morto no dia 2 de dezembro.
Os índios
foram encaminhados em um helicóptero para a Superintendência da Polícia Federal
em Porto Velho, onde deverão ficar detidos temporariamente por 30
dias. O inquérito que investiga o desaparecimento dos três homens deve ser
concluído também em 30 dias. Durante mais de um mês de buscas na aldeia, os
policiais encontraram somente peças que podem ser do veículo utilizado por
Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro. Nenhuma informação sobre o
paradeiro das vítimas foi divulgada.
Desaparecimento gera
conflitos na região
Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro foram vistos pela última vez no dia 16 de dezembro de 2013 na BR-230, nas proximidades da reserva Tenharim-Marmelo. O desaparecimento dos três gerou revolta na população dos municípios de Humaitá, Apuí e no distrito de Santo Antônio do Matupi. A população acusa os índios pelo sumiço. Segundo moradores, os crimes seriam uma retaliação pela morte do cacique Ivan Tenharim, cujo corpo foi encontrado em um trecho da rodovia com sinais de espancamento no início do mês de dezembro.
Moradores
dos municípios de Apuí e Humaitá promoveram diversos protestos no dia 25 de
dezembro para cobrar agilidade da Polícia Federal em Rondônia (PF-RO) nas
buscas pelos desaparecidos. Os manifestantes chegaram a atear fogo em carros,
barcos e nas sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e antigas instalações
da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Humaitá. No dia seguinte, policiais
do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Amazonas seguiram para o município.
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Após os
ataques, 143 indígenas foram abrigados no 54º Batalhão de Infantaria de Selva
(BIS), em Humaitá. A Justiça atendeu ação do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e os índios retornaram às aldeias
seis depois com a escolta do Exército.
Apesar do
reforço policial, o Sul do estado continuou registrando conflitos. Um grupo de
madeireiros e fazendeiros ateou fogo em casas localizadas em uma aldeia
indígena situada na área do município de Manicoré.
A região
recebeu mais reforço da Polícia Federal e homens da Força Nacional de Segurança
Pública (FNSP) auxiliaram nas ações de segurança pública desencadeadas no Amazonas
no mesmo período. O Exército e Polícia Rodoviária Federal (PRF) também apoiam
as ações na região. Cerca de 500 homens atuam nas operações.
No dia 3
de janeiro, equipes dos órgãos de segurança que participam das buscas pelos
homens encontraram vestígios de um veículo incendiado, segundo nota divulgada
pela Polícia Federal em Rondônia. Nenhum dos desaparecidos foi encontrado. As peças
encontradas ainda passam por análise para confirmar se são do mesmo veículo dos
desaparecidos.
Além do
desaparecimento dos indígenas, os moradores reclamam ainda da cobrança de
pedágio feita pelos índios em um trecho da Transamazônica. Os Tenharim
suspenderam a cobrança. Entretanto, a divulgação de que eles estão planejando
retornar com a taxa a partir de fevereiro motivou novos protestos. Moradores de
Humaitá iniciaram a coleta de assinaturas para pedir que a prática seja
totalmente abolida.
Após uma
negociação entre os indígenas e representantes da Secretaria-Geral da
Presidência da República, ficou definido que a cobrança de pedágio continuará
suspensa até que as políticas públicas solicitadas ao governo federal sejam
analisadas.
Fonte: g1.globo.com
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